A criação do Homem de Ferro nas histórias em quadrinhos

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A criação do Homem de Ferro nas histórias em quadrinhos

 

 

SUPER-HERÓI ERA REFLEXO DA POLÍTICA MUNDIAL,
O ano era 1963. O período era bastante conturbado. Praticamente recém-saído da crise dos mísseis de Cuba, o governo norte-americano, então sob a presidência de John Fitzgerald Kennedy, havia decretado, em fevereiro, a ilegalidade de qualquer viagem, negócio ou transação comercial de cidadãos estadunidenses com a ilha de Fidel Castro. Acirrava-se, assim, a Guerra Fria, que dividia o mundo entre duas proposições ideológicas distintas – o capitalismo, de um lado, e o socialismo, de outro – e levaria a vários golpes de estado no continente latino-americano, a intervenções em conflitos armados em várias partes do mundo, a uma corrida armamentista que parecia não ter fim. Ela duraria até o início da década de 1990, com a extinção da União Soviética.
Infelizmente, o aspecto político foi o elemento mais forte nas primeiras aventuras do Homem de Ferro. Invariavelmente, seus maiores adversários vincularam-se à divisão entre capitalismo e socialismo. Assim, vilões como o Mandarim, o Dínamo Escarlate, Bárbaro Vermelho, Homem de Titânio e outros são carregados de teor ideológico, deixando evidentes as tendências políticas do protagonista. Não faltam, inclusive, veladas referências à realidade dos países sob a égide da doutrina socialista, cujos mandatários são freqüentemente tratados por denominações como terroristas ou tiranos. Esse maniqueísmo do herói só seria suavizado no final dos anos sessenta, quando crescia entre o povo estadunidense a rejeição à participação do país na Guerra do Vietnã. Nesse período, Tony Stark tornou-se pacifista e negou-se a continuar inventando armamentos, entrando em uma nova fase de sua vida.

É nesse clima, em março de 1963, que surge mais um super-herói das revistas em quadrinhos, fruto da mente privilegiada de dois ícones da indústria norte-americana: Stan Lee e Jack Kirby, auxiliados pelo roteirista Larry Lieber e pelo desenhista Don Heck. Sensíveis ao momento que viviam, os dois autores lançaram no número 39 da revista Tales of Suspense, de março de 1963, o Homem de Ferro (Iron Man), herói que combatia os malfeitores com o uso de uma armadura metálica, dotada de vários artefatos tecnológicos.

A gênese do Homem de Ferro está situada em um ambiente de confronto característico da Guerra Fria, o Vietnã. Na época, os Estados Unidos alimentavam o conflito com homens e armamentos, mas não se encontravam ainda em envolvimento aberto. É no fornecimento de armamentos que atua o bilionário Tony Stark, industrialista que, ao inspecionar o uso de uma arma projetada por sua fábrica, é vítima de um acidente que aloja estilhaços de bomba em seu coração, gerando uma situação de perene ameaça. Encontrado pelos vietnamitas, Stark é aprisionado e forçado a desenvolver uma arma para eles, contando para isso com a ajuda de um velho cientista. Enganando seus carcereiros, Stark desenvolve uma armadura de ferro à base de transistores, que lhe possibilita manter seu coração batendo normalmente e representa uma arma inigualável. Derrotado o inimigo, ele retorna ao seu país e inicia sua carreira como super-herói.

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